Dr David Martyn Lloyd-Jones
Ai dos que se levantam pela
manhã e seguem a bebedice e continuam até
alta noite ,
até que
o vinho os esquenta! Liras e harpas ,
tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes ;
porém não
consideram os feitos do SENHOR ,
nem olham para
as obras das suas
mãos . Portanto ,
o meu povo
será levado cativo ,
por falta
de entendimento ; os seus
nobres terão fome ,
e a sua multidão
se secará de sede . Por
isso , a cova
aumentou o seu apetite ,
abriu a sua boca
desmesuradamente ; para
lá desce a glória
de Jerusalém, e o seu tumulto , e o seu
ruído , e quem
nesse meio folgava. Então ,
a gente se abate ,
e o homem se avilta; e os olhos dos altivos
são humilhados. Mas
o SENHOR dos Exércitos
é exaltado em juízo ;
e Deus , o Santo ,
é santificado em justiça .
Então , os cordeiros
pastarão lá como
se no seu pasto ;
e os nômades se nutrirão dos campos dos ricos
lá abandonados.
(Isaías 5:11-17).
Vemos aqui
o segundo dos 'ais' pronunciados pelo profeta Isaías sobre seus conterrâneos e contemporâneos ,
o que nos
leva a considerar
a segunda manifestação
do problema básico
da raça humana .
Por que
a ira de Deus
permanece sobre o mundo
hoje ? Por
que o mundo
está do jeito que
está? Bem , a segunda
causa do problema
é quase tão
grande quanto
o materialismo . São
coisas que
andam juntas . São
diferentes manifestações
do mesmo problema
fundamental . A segunda
causa é o que
descreveremos como 'mania
de prazer ', imoderação
quanto ao prazer !
É isso que
vamos considerar nesses versículos .
É evidente ,
porém , que
até mesmo
os detalhes dados
pelo profeta sobre o que
acontecia oito séculos
antes do nascimento de Cristo ainda são basicamente iguais
aos do mundo de hoje .
Não é apenas
o beber , mas
a bebida – cada
vez mais
–, e tudo que
a acompanha. Qual é um
dos mais populares
slogans
da era em
que vivemos? No que
as pessoas que
não crêem em
Deus , em
Cristo e nas Escrituras ,
acreditam? Como é essa vida maravilhosa
que lhes
é oferecida? Não é essa tão insensata e
frivolamente celebrada – "vinho , mulher e música "?
Então , a descrição
dada pelo profeta soa curiosamente
contemporânea . Ele
menciona "banquetes ". Isso também é bastante contemporâneo . Comer ! Festejar ! Dar festas ! O tipo de vida que está aqui
resumida em pormenores .
Veja como o profeta apresenta
este ponto. Ele diz: ".,,os seus nobres terão fome e suas multidões
secarão de sede". Você pode dividir a sociedade assim, O mundo faz isso:
poucos nos altos círculos da sociedade e as massas. Veja outra vez no v. 14:
"a glória de Jerusalém", quer dizer: dos grandes homens; os grandes
homens da nação são a glória daquela nação – "a sua glória e sua
multidão" outra vez a mesma divisão – "e sua pompa, e aquele que se
regozija descerão para lá [para o inferno]". Da mesma forma no v. 15 ele
se mostra preocupado com isso. "O homem mau será abatido e o poderoso será
humilhado." Vale para todos.
A mensagem do Evangelho vale para
todos; não reconhece divisões ou distinções. "Não há grego nem judeu (...)
bárbaro, cita, escravo ou homem livre" (Colossenses 3:11), conservador,
liberal, socialista – não importa. Não importa seu país ou a cor da sua pele:
"Todos pecaram"! (Romanos 3:23) Todos são culpados: classes alta,
baixa, mau, anônimo ou poderoso.
Este é um ponto tremendo. É por
isso que a pessoa que tem uma visão bíblica da vida julga tudo mais
superficial. Algumas pessoas dizem: "É isso o que eu acho; o problema são
as outras pessoas." São sempre os outros! Mas o problema é de todos. Está
em todas as classes, todos os grupos, todos os homens e todas as mulheres. É
por isso que tudo o mais se torna irrelevante: todos os diferentes tipos de
divisões. A questão não é totalmente por causa do trabalhador, nem totalmente
por causa dos empregadores. Os dois lados são culpados de, precisamente, a
mesma coisa. Não importa muito se você bebe vodca, uísque, cerveja ou cachaça;
o fato é que você ingere bebida alcoólica. É simplesmente isso.
Em segundo lugar – e isso é
estarrecedor, o que mais espantou o profeta –, eles estavam-se comportando
assim num tempo de terríveis problemas. Deus levantou uma sucessão de profetas
para falar a esta nação por causa do seu estado e condição. Eles estavam
equivocados politicamente, militarmente, moralmente, e em muitas outras coisas.
Sobre o que lhes acontecia, estavam vivendo desse modo. Ele apresenta a
situação bem claramente:
Ai dos que
se levantam cedo de manhã e seguem a bebida forte e continuam até a madrugada,
até que o vinho os inflame! A harpa, a lira, os tamborins e as flautas estão em
seus banquetes; porém, não consideram os feitos do Senhor nem as obras. de suas
mãos.
Para mim, esta é uma das coisas
mais espantosas sobre os homens e mulheres em pecado. Quase todos os dias na
primeira página dos jornais populares você encontra exatamente o que o profeta
diz aqui. Você já notou? De um lado você lê sobre uma grande crise – problema
em algum país, talvez uma ameaça de guerra, algo que pode levar a uma
calamidade ou alguma coisa desesperadamente séria –; então, na mesma página, em
outra coluna, está impresso algo totalmente trivial ou fútil, infantil e quase
ridículo. Mas está lá na primeira página! Por quê? Porque, apesar da crise,
apesar das circunstâncias, homens e mulheres ainda estão interessados no
prazer.
Você já notou aquela curiosa
falta de senso de proporção? Não é novidade, acontecia com o povo de Israel.
Não é apenas Nero que se diverte enquanto Roma pega fogo. Isso sucedeu durante
a Primeira e a Segunda Grandes Guerras. Apesar de que tudo estivesse
aparentemente em perigo, homens e mulheres ainda continuavam a beber, dançar e
fazer tudo o mais. Esta é a coisa mais curiosa sobre as pessoas em pecado: elas
são tolas a ponto de pensar que podem comportar-se deste modo, em tal tempo,
sob tais condições e circunstâncias. Não é assombroso que, com o mundo do jeito
que está, com tantos cientistas não-cristãos nos dizendo que ele está em
perigo, tanta proeminência seja dada a coisas que correspondem à descrição
apresentada aqui da vida em Israel, oito séculos antes do nascimento de Cristo?
Esta, então, é a essência do
problema, e esta é a coisa que devemos agora confrontar e juntos analisar.
Então, vejamos esta "mania de prazer": não se pode chamá-la de outra
coisa. Quais são as suas características? A primeira que está enfatizada, é claro,
é que homens e mulheres vivem para o prazer – "... se levantam cedo de
manhã e seguem a bebida forte e continuam até a madrugada, até que o vinho os
inflame! A característica desta perspectiva é a de que o prazer se torna a
coisa suprema na vida; ele se transforma em um fim e objetivo; é a própria
vida. A busca do prazer! Um tipo de hedonismo, pan-hedonismo, se você preferir;
é mais importante que tudo.
Eu interpreto desta maneira, mas
não há nada errado com o prazer. Não pense que o Cristianismo condena o prazer.
Para mim, uma das glórias da mensagem cristã é que ela oferece alegria, e dá
alegria real. O amuado, sorumbático, casmurro, tristonho, desanimado, de
cara-amarrada; o implicante, agressivo, eternamente acusador, sempre
mal-humorado não são bons representantes do verdadeiro cristianismo. Pelo
contrário: são péssimos! Os cristãos, de acordo com o apóstolo Pedro, podem ser
descritos em termos de alegria. Seu relacionamento com o Senhor Jesus Cristo é
este: "O qual, apesar de não o termos visto, amamos; no qual, embora agora
não o vejamos, cremos, e nos regozijamos com uma alegria indescritível e cheia
de glória" (I Pedro 1:8). Cristãos, diz o apóstolo Paulo, são pessoas que
"se gloriam nas tribulações" (Romanos 5:3). Quando tudo está indo mal,
eles ainda se regozijam. Não há nada errado com felicidade e prazer. Deus
proíbe que alguém confunda moralidade com cristianismo! Cristianismo não é uma
mensagem que nos urge a, nas palavras de Milton, "desprezar prazeres e
viver para o trabalho." Não ! É uma mensagem de liberação, libertação,
emancipação, "alegria indescritível e repleta de glória".
Isso, porém, é algo muito
diferente da adoração do prazer, de viver para ele. É diferente de dizer que o
prazer é o supremo final e objetivo da vida e da existência, e que ele vem.
primeiro que qualquer outra coisa. E este era o problema das pessoas no tempo
de Isaías; e não é assim também hoje? .
Este é um problema muito sério.
Você sabe o que levou o Império Romano ao "declínio e queda"? Não
foram os exércitos estrangeiros. Eu sei que foram os góticos e os vândalos e
outros que na realidade saquearam Roma e conquistaram o país, mas não foi a sua
força e seu heroísmo que levaram à queda de Roma. Foi a podridão interna que já
a havia enfraquecido. E como foi isso? Simplesmente a mania de prazer. Os
cidadãos de Roma passavam o tempo em seus banhos públicos; eles tinham que ter
banheiras douradas, e lá relaxavam tomando sua bebida e ouvindo música. A
cultura do ego! Isso derrubou aquele império poderoso, e tem derrubado muitos outros
impérios desde então. Muitos grandes impérios se desintegraram como resultado
da podridão interna.
Eu me pergunto se não estamos
testemunhando um pouco disso nos dias de hoje... A atitude de muita gente com
relação ao trabalho é a de que ele é apenas um meio de fazer dinheiro para
comprar prazer. Onde está o artesão? Onde estão o interesse real e o prazer de
trabalhar? Não, a atitude mudou em todas as classes. Freqüentemente, as pessoas
estão na profissão para fazer dinheiro, e não porque estejam interessadas no
seu trabalho ou em descobrir algo novo, ajudar a humanidade ou ser altruístas.
Tudo se torna, como eu disse antes, uma forma de símbolo de estátuas. E assim o
trabalho se transforma em um meio de as pessoas obterem dinheiro para comprar
mais e mais prazer.
Pior ainda: o prazer se tornou um
negócio! Esta é uma das grandes tragédias da vida moderna. As pessoas falam de
"esporte", mas não têm nada a ver com o esporte: é negócio. Homens e
mulheres, artistas e atletas, são comprados e vendidos como se fossem escravos.
Até mesmo o prazer se tornou um negócio e um meio de fazer dinheiro. E, se não
houver apostas, as pessoas não apreciam. Elas não parecem apreciar a coisa em
si, apenas o que pode "ser feito" com ela. E, assim, cada vez mais
tudo é colocado de lado em prol do prazer; o trabalho é suspenso no meio da
semana para que ao jogo de futebol, possam todos assistirem. Não importa o
país, desde que tenhamos nosso divertimento.
Você pode, assim, ver quão
contemporâneas as Escrituras são. E isso é válido não apenas em relação às
nações, mas também a indivíduos. Esta mania de prazer pode tomar conta das
pessoas de tal forma que elas passem a negligenciar seu trabalho, suas
profissões, e, até mesmo sua reputação. O prazer se transforma num poder tão
sufocante que elas se deixam controlar por ele. Já se levantam pela manhã
decididas a ir atrás dele, e continuam até à noite. A curtição é o que
interessa, não o trabalho honesto, o trabalho real; não a preocupação com viver
uma vida completa.
Veja, então, a artificialidade
desta vida. O profeta expõe isso aqui, assim como a Bíblia o expõe por todo
lado. É preciso que se anuncie, que se escancare esta verdade. A tão falada
vida glamourosa não pode ser mais superficial. Ela é o tipo mais frívolo de
existência que pode ser concebido. Ela não pode ser mantida sem meios
artificiais. É produzida artificialmente, estimulada pela bebida, pela emoção
descontrolada, o canto e certos tipos de música. Homens e mulheres que não se
sentem felizes, a não ser que estejam sob a influência da bebida, devem ser bem
tristonhos. Será que não podem ser felizes quando estão em seu estado natural?
São obrigados a ter esses estimulantes para se tornarem sociais, manterem uma
conversa animada e interessante, serem simpáticos e alegres, conseguirem,
enfim, divertir-se e divertir e atrair outros inclusive... Aparentemente: eles
não são felizes. Nada pode medir tão bem a tristeza desta era em que vivemos
quanto o modo como a vida é levada adiante à base de estimulantes artificiais.
É uma vida puramente artificial.
Mas deixe-me enfatizar outro
elemento: a degradação. Você percebe como a vida é mantida? Ela depende
principalmente de duas coisas. Primeiro, "bebida forte". E qual é a
outra coisa? Bem, é um certo tipo de música, um tipo de ritmo produzido
"pela harpa, lira, o tamborim, e flauta".
Isso também é uma coisa muito
séria. Esse tipo de vida só é produzido, e se torna possível, à custa das mais
elevadas faculdades mentais. As pessoas pensam que o álcool é um estimulante,
mas abra qualquer livro de farmacologia e você verá que é um grande depressivo.
O que ele faz é deprimir os centros mais elevados. As pessoas sob sua
influência parecem brilhantes: por quê? Porque estão um pouco menos
controladas. É por isso que, lamentavelmente, elas começam a beber. Elas se
sentem um pouco nervosas e apreensivas, tolhidas e reprimidas. Então, buscam a
bebida. Ela elimina aqueles elementos que produzem o nervosismo, e assim elas
se sentem livres. Mas não é um estímulo, e, sim, um bloqueador das mais elevadas,
cuidadosas qualidades e faculdades controladoras do cérebro. Dessa maneira, as
pessoas se tornam mais primitivas. Mas é assim que se vive este tipo de vida
que resulta da mania de prazer. Você alcança isso se drogando mediante drogas
ou álcool.
Esse não é, porém, o único modo;
a música também faz isso. Um certo tipo de música, é claro: a música ritmada,
que se repete infinitamente até que você começa a se movimentar com ela. Você
já notou como as pessoas fazem isso? A música se inicia e elas começam movimentando
os pés, depois se põem a balançar o corpo. Este é, exatamente, o mesmo tipo de
efeito produzido pelo álcool. Você pode ficar "embriagado" com certos
tipos de música quase que do mesmo modo como pode ficar embriagado pelo álcool:
pela repetição rítmica e, especialmente, pelos movimentos do corpo. Seus
centros elevados são bloqueados e você, gradualmente, entra num tipo de estado
de intoxicação. E quando você une os dois – álcool e música – tem o tipo de
vida que está descrito aqui pelo profeta, e que se está tornando cada vez mais
uma característica da vida neste país. É uma vida de gritaria, abandono,
loucura, em que homens e mulheres não mais se controlam nem se comporiam de uma
forma decente e humana. E isso é feito deliberadamente. É brilhantemente
organizado. Existem pessoas que apostam nesse tipo de coisa, que fazem dinheiro
com ela, tornando-a popular. E as pessoas, em geral, são iludidas e se tornam
vítimas inocentes.
Finalmente, aparece a palavra
"inflamar". "Ai dos que se levantam cedo de manhã e seguem a
bebida forte e continuam até a madrugada, até que o vinho os inflame."
Este é um modo gráfico e poético de se pintar a questão. O que realmente
acontece, é claro, é que, em primeiro lugar os centros elevados do cérebro
ficam bloqueados pelo álcool e pela música, e, então, os instintos e paixões,
os desejos e luxúrias tomam o controle, e as pessoas ficam cheias de fogo. Elas
se tornam "inflamadas". E aí acontecem todas as conseqüências
inevitáveis. Homens e mulheres se tornam feras, controlados pelos instintos das
partes inferiores de sua natureza corporal.
Aí está o elemento de degradação.
A coisa mais impressionante é que, misturado com tudo isso, está o que Isaías
no v. 15 chama de "os olhos dos altivos". As pessoas que seguem este
tipo de vida pensam que são maravilhosas. Elas se gabam de não ser cristãs.
Orgulham-se de sua forma de viver. Observe na televisão e em outros lugares.
Não podem cumprimentar ninguém sem que estejam segurando um copo! Sempre estão
tomando um drinque. Isso é que é vida: estar "ligada", numa boa! Eles
acham maravilhoso. É uma vida de alegria, dizem. Lá vão eles, ao som da música
e demonstrando todos os efeitos da bebida.
Vamos parar por aí. Estas são as
horríveis características da vida sem Deus.
Quais são as causas? Elas estão
registradas de uma forma bem simples no v. 13: "Assim, meu povo foi para o
cativeiro, porque eles não têm conhecimento." Isaías já havia mencionado
isso no v. 12: "... mas eles não observam a obra do Senhor, nem consideram
a operação de suas mãos". Eles vivem assim porque são ignorantes.
"Quê!" – exclama alguém – "Você está dizendo que as pessoas não
são cristãs porque são ignorantes?..."
É precisamente isso que estou
dizendo. Não há obra do diabo mais prima do que seu sucesso em persuadir as pessoas
de que é seu conhecimento que as leva a rejeitar o Cristianismo. Mas exatamente
o oposto é que é verdadeiro. O diabo as mantém na ignorância porque, enquanto
permanecerem nela, elas farão o que ele manda. A partir do momento em que
recebem a luz – o Evangelho é chamado de "luz" –, elas passam a
enxergar e o abandonam.
Mas elas são ignorantes sobre
quê? Deixe-me apresentar algumas das coisas que Isaías nos diz aqui:
"Assim, o meu povo foi para o cativeiro, porque não tem
conhecimento." Em outras palavras: eles não sabem que são o povo de Deus.
Este é o eterno problema do povo de Israel. Eles nunca compreenderam quem são;
queriam ser como as outras nações. Eles diziam: Essas outras nações são nações
de muita sorte: seus deuses são muito melhores que o nosso; eles podem comer o
que quiserem; podem casar-se com quem desejarem; podem fazer o que lhes der na
cabeça fazer, durante os sete dias da semana! Nosso Deus nos deu os Dez
Mandamentos, e eles são insuportáveis. Eles queriam ser como os outros; então,
deram as costas a Deus e aceitaram os outros deuses. Nunca entenderam o
privilégio de serem o povo de Deus, um povo único, um povo propriedade especial
de Deus, um povo que é como "a menina dos olhos" para Deus, como ele
os chama (Deuteronômio 32:10).
E o verdadeiro problema do mundo
hoje ainda se deve a isso: as pessoas não conhecem a verdade sobre si mesmas;
não têm esse conhecimento. Que são os homens e as mulheres? São apenas máquinas
de fazer dinheiro? São animais que devam buscar o prazer? Estão aqui para ficar
bêbados, entregarem-se ao sexo, e endoidecerem com música ritmada? Será que
você percebe? Será que as pessoas foram criadas para se comportarem como se
fossem animais numa fazenda? Seria prazer o "derradeiro fim" para
homens e mulheres? Será que eles só estão aqui para gratificar esse lado?
Afinal, é só isso?...
Não, não! O problema com o mundo
hoje é que ele não conhece o que é o ser humano. São ignorantes sobre sua
própria origem, sobre sua natureza e seu destino final dentro do propósito de
Deus. "Meu povo!" As pessoas se gloriam hoje no fato de que são
animais. Vangloriam-se da evolução como se fosse um grande elogio. Parecem
gostar de pensar que não são nada além de macacos extremamente desenvolvidos,
animais racionais e nada mais. Elas odeiam a idéia da alma; não crêem em Deus
nem na eternidade, Tudo porque são ignorantes sobre sua própria grandeza.
Que mais elas ignoram? Veja o v,
12: "... mas eles não observam a obra do Senhor, nem consideram a operação
de suas mãos". Que Isaías quer dizer com isto? Ele diz que elas estão
vivendo como se não soubessem nada sobre a obra do Senhor. Também é sobre isso
que homens e mulheres modernos não pensam nunca a respeito, porque nem levam em
conta. Eles não entendem que Deus é o doador de toda coisa boa e todo dom
perfeito. Eles parecem pensar que o Serviço Nacional de Saúde é quem dá a
saúde! Mas Deus é quem dá a saúde; Deus é o doador da vida, da força, do
alimento e da vestimenta.As pessoas pensam que fazem tudo, e têm orgulho de
suas invenções, seus instrumentos, suas criações etc. Se Deus, porém,
suprimisse o sol e a chuva, todos morreríamos de inanição.
Os homens e as mulheres não notam
a obra de Deus. São ignorantes, só olham para si mesmos. Não estão cientes da
bondade, misericórdia e compaixão de Deus. Não percebem que Deus "...faz o
sol nascer sobre maus e bons e envia a chuva sobre justos e injustos"
(Mateus 5:45). Pensam que controlam tudo. Podem até enfrentar a fome, como já
vimos; conseguem enfrentar o desastre, por causa de sua ignorância, porque
quebraram as regras de Deus e violaram as leis da natureza.
Que mais as pessoas não percebem?
Elas não percebem que Deus tem operado, não apenas na providência e na criação,
mas na história também. História! Tente explicar a história deste mundo
excluindo Deus! Você não conseguirá. A Bíblia é o melhor livro de história que
existe no mundo. É nas suas páginas que você realmente começa a entender a
História. Você vê que, por trás de todos os homens, reis, príncipes, homens de
Estado, e das guerras, há um propósito de Deus: Deus controla tudo! Mas eles
não acreditam nisso. Eles continuam desafiando. Deus, porém, está aí. Eles se
metem em problemas, e por quê? Porque se esqueceram de Deus, e olvidaram
"as obras das suas mãos".
E então, ainda mais: há o fato de
que, se você observar o processo da história, chegará à conclusão de que temos,
afinal, um universo moral. Você não pode fazer o que quer neste mundo. Você não
pode ser leviano. Você não pode beber bebida forte indefinidamente sem ter que
pagar o preço por isso. Deus estabeleceu isso como uma lei. "O caminho dos
transgressores é duro" (Provérbios 13:15). O transgressor, porém, não crê
nisso. As pessoas que começam a brincar com o pecado não crêem nisso. Mas este
é um fato: se você pecar, você sofrerá.
E o mundo inteiro está sofrendo.
O mundo é ignorante: Eles "não observam a obra do Senhor, nem consideram a
operação de suas mãos". Existe uma idéia de que, se há de fato um Deus,
então, no momento em que as pessoas pecarem, Ele irá feri-las. Mas isso não é o
que aprendemos da história de Deus na Bíblia. Nas palavras do poeta Longfellow,
o que nós aprendemos lá é isto: 'Apesar de as pedras do moinho de Deus
triturarem devagar, elas, ainda assim, trituram excessivamente pequeno. O
pecado sempre alcança as pessoas. "Tenha certeza de que o pecado te
encontrará" (Números, 32:23). Pode demorar muito, mas chegará ao fim. Por
que você não aprende? Por que não vê? Por que não observa a obra das mãos de
Deus e enxerga o que Ele sempre tem feito?
Isso leva à última coisa – os
julgamentos de Deus. A tragédia de Israel era que Deus estava sempre tendo que
trazer um julgamento; estava começando a puni-los, mas eles não viam. Qual é
este julgamento? "O Senhor dos Exércitos será exaltado em juízo, e Deus, o
Santo, será santificado em justiça" (v, 16). A causa do problema é que
homens e mulheres não sabem que estão num universo moral, cujo rei é Deus, e
que Deus é o Juiz de todo o mundo, e o julgará com justiça. Suas
características são justiça, santidade, retidão e verdade. Esses são os
parâmetros de Deus, e é assim que Ele queria que homens e mulheres vivessem:
não para servir às suas paixões e aos seus desejos e luxúrias; não para viverem
no prazer, mas para buscarem justiça, santidade, retidão e verdade. Eles foram
criados para viverem como seres humanos e não como animais. Foram criados para
serem um reflexo de Deus. É por isso que Deus disse: "Façamos o homem à
nossa imagem" (Gênesis 1:26). Deus o fez senhor sobre a Criação, não para
que ele se comportasse como um animal, mas para que se sobressaísse na glória
da diferença, com uma mente e uma razão, e controle, ordem e dignidade em sua
vida. E Deus julgará homens e mulheres de acordo com isso.
Deus revelou isso através dos
séculos. Está tudo revelado aqui na história encontrada na Bíblia. Está
igualmente claro na história subseqüente, e se há uma época em que está claro é
hoje. O julgamento de Deus está sobre este mundo. Eu já disse antes, e repito
agora: na minha opinião, as duas guerras mundiais foram nada mais do que o julgamento
de Deus sobre o mundo.
Ao redor de 1859 – o ano em que
Charles Darwin publicou seu famoso livro A
Origem das Espécies – as pessoas começaram a dizer que finalmente podíamos
nos livrar de Deus. "O homem é tudo", afirmaram. "O homem é o
centro; Deus não é necessário. Empurrem-no para dentro do limbo das coisas
esquecidas! O homem pode viver sem Deus e construir um mundo perfeito!"
Eles disseram que o mundo estava evoluindo; os poetas cantaram e falaram sobre
"O Parlamento do Homem, a Federação do Mundo". O Conhecimento cresce
a cada era, e o século XX deveria ser o século de ouro. Os homens e as
mulheres, em sua auto-suficiência, não precisam mais de Deus. Se há um século
que haja conhecido a manifestação da ira e do desprazer de Deus em sua justiça,
santidade e retidão sobre o pecado da humanidade, este é o século XX. Você já
observou isso? Você está consciente disso? Você sabia que Deus está falando
mediante tudo isso, e nos está advertindo a parar por aqui, antes de que seja
tarde demais?
E isso me leva ao meu último
subtítulo: o fim de tudo isso. Para onde tudo isso leva? Qual é o fim deste
tipo de mania de prazer que venho analisando? Qual o veredicto sobre isso tudo?
Para começar, é um tipo de vida
que nunca satisfaz. Se você buscar a vida de prazeres, nunca terá o bastante,
nunca. Se tentar encontrar seu prazer e satisfação em bebida alcoólica, sempre
terá que tomar mais e mais. Comece a tomar drogas, e logo se tornará um
viciado; busque prazer em qualquer forma que signifique falta de controle, abandono
de si em prol de estimulantes artificiais, e nunca ficará satisfeito; procure
satisfação no sexo, na luxúria e na imoralidade e irá de decadência em
decadência, até se prostituir por inteiro; até se tornar imundo e repelente, a
ponto de adoecer. A vida sem Deus nunca satisfez a ninguém. Ela é incapaz
disto, porque homens e mulheres são muito mais que isto; muito maiores que
isto. Eles são feitos para Deus, e essas coisas não podem satisfazer a eles.
Nada, além de Deus, consegue trazer satisfação: "Tu nos fizeste para ti, e
nossa alma está inquieta até que encontre descanso em ti", como já dizia
Agostinho. Esta é a primeira coisa.
Além disso, porém, viver para o
prazer sempre implica uma degeneração progressiva; sempre leva a uma perda de
poder, perda de refinamento e de consideração pelos outros. A vida se torna
mais e mais egoísta quando as pessoas vivem para si próprias e para a busca do
próprio prazer. Elas descartam pais, mães, filhos, todo mundo; o prazer
torna-se supremo, e tudo o mais é abandonado. Oh, que perda de refinamento! Que
perda de castidade e de pureza e nobreza! A mania de prazer sempre leva à perda
de todos os poderes mais elevados e das melhores e mais nobres qualidades.
Há algo, porém, ainda pior
esperando por aqueles que vivem essa vida: a humilhação. "O homem mau será
abatido e o poderoso humilhado, e os olhos dos altivos aviltados" (v. 15).
A Bíblia está cheia disto. A história subseqüente está cheia disto. Aqueles que
vivem uma vida de prazer e dão as costas a Deus serão humilhados. A pompa será
ridicularizada e reduzida a nada, "...e a sua glória, sua multidão e sua
pompa, e aquele que se regozija, descerão para lá [inferno]" (v. 14). Olhe
para o mundo de hoje com sua pompa e glória, com todo o seu gargalhar e
regozijo, e toda a sua aparente felicidade, essa felicidade artificial, esse
artifício, essa coisa irreal. Mas ele pensa que é maravilhoso; "vinho,
mulheres e música" o brilho da vida noturna, a excitação da luxúria. As
grandes cidades: Londres, Paris e Nova Iorque – maravilha! Aqui está a vida!
Está mesmo? Tudo terminará por ser rebaixado e humilhado; a pompa, o êxtase, a
emoção carnal e a suposta felicidade se tornarão em nada.
Deixe-me usar as próprias
palavras do nosso abençoado Senhor, que falou sobre isto. Veja as palavras
registradas em Lucas, 6:24,25: "Ai daqueles que são ricos!, pois já
receberam seu consolo." Você, que vive para as riquezas, já está tendo
tudo que pode conseguir, mas você vai morrer um dia e não poderá levar nada com
você; você, então, não terá nada. Você já teve "a sua consolação".
"Ai daqueles que estão cheios!" Vocês, festeiros sensuais, comilões e
beberrões; como o salmista traduz: homens maus, "cujos olhos estão
salientados pela gordura" (Salmos 73:7). "Ai daqueles que estão
cheios! porque ficarão famintos. Ai daqueles que riem agora! Porque eles irão
chorar e lamentar" (Lucas 6:25). Já vimos algo assim, não é mesmo?
Eu me lembro – e nunca vou
esquecer – da primeira semana da Segunda Guerra Mundial, e do terror e
infelicidade das pessoas inteligentes quando estourou a guerra e a ameaça de
bombardeio. Jamais olvidarei aquele domingo de manhã, o primeiro domingo depois
da queda da França, no dia 17 de junho de 1940. Eu estava dirigindo o culto
matutino como de costume, quando vi dois homens que nunca vira antes na
congregação. Eu os conhecia fazia bastante tempo. Sabia que eram zombadores,
homens não religiosos. Perplexos, porém, ante a possibilidade de um colapso
geral, eles se humilharam e vieram ouvir a Palavra de Deus. "Ai daqueles
que riem agora!" Quão tolos são os homens e mulheres em pecado! Eles não
raciocinam, não percebem sua ignorância. Seu riso se tornará em choro! E o fim
de tudo isto é o inferno.
Isto está colocado em Isaías como
uma imagem gráfica: "Por isso, o inferno aumentou seu apetite, e abriu a
sua boca desmesuradamente, e para lá descerá a glória de Jerusalém e a sua
multidão, e a sua pompa e quem nesse meio folgava" (v. 14).O final daquele
tipo de vida! Não se trata apenas da morte física: é a morte espiritual, o
Hades: o sofrimento que há ali; a miséria; é a destruição eterna sem fim. O
grande e o pequeno, e sua multidão, o alto e o baixo, o exaltado e todos os
outros, para baixo vão todos, com toda a sua pompa, para o nada!
O
gabar-se da nobreza, a pompa do poder
e
toda a beleza, que toda aquela riqueza poderia oferecer
esperam
pela hora inevitável.
Os
caminhos da glória levam apenas ao túmulo.
Thomas Gray
Então, que esperança existe para
tais pessoas? Está tudo aqui. Temos simplesmente que fazer o oposto do que elas
fizeram. Em outras palavras: temos que começar "a observar'. "Mas
eles não observam as obras do Senhor, nem consideram a operação de suas
mãos" (v, 12).
Você percebe a verdade desta
mensagem? Como o carcereiro de Filipos, você pode dizer: "O que devo fazer
para ser salvo?" (Atos 16:30) Aqui está a resposta. Pare! Comece a
"notar a obra do Senhor"; comece a "considerar o operar de Suas
mãos". Pare por um momento. Pare essa frívola roda-viva de prazer, essa
vida tola na qual você se envolveu. Pare esta existência que se mantém
artificialmente. Pare por um momento e pergunte-se, analise a sua vida,
indague-se para onde ela o está levando. Que aconteceu com aqueles que fizeram
isso no passado? Onde isso tudo termina? Observe!
Comece a ler os sinais dos
tempos. Veja o que está acontecendo ao seu mundo; veja quais são as
possibilidades. E ao "notar", comece a "considerar" e a
tirar suas conclusões.
Isaías se expressa de um modo
maravilhoso no final do texto. Quando todos esses outros forem lançados no
inferno, "então os cordeiros comerão lá como se no seu pasto, e os
estranhos se nutrirão dos campos dos ricos lá abandonados" (v. 17). Que
mensagem! Qual é a saída? É tornar-se como uma ovelha. Não ser arrogante, não
ser como o homem do século XX, orgulhoso de sua ciência e conhecimento,
levantando-se eretamente sobre os próprios pés, desafiando Deus e os homens;
mas, pelo contrário, tornar-se como uma "ovelha". Não mais a
aparência arrogante de um intelectual, mas a humildade e a mansidão de uma
ovelhinha.
Em outras palavras: o caminho da
salvação é o caminho das bem-aventuranças pronunciadas por nosso Senhor e
Salvador: "Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino
dos Céus (...) Bem-aventurados os humildes (...) Bem-aventurados os
misericordiosos (...) Bem-aventurados os que têm sede e fome", não de
comida e bebida forte ou de poderio mundial, mas de justiça "..,porque
serão saciados" (Mateus 5:3-7). Eles terão uma satisfação permanente e
real. "...os cordeiros comerão lá como em seu próprio pasto".
Quando os outros se forem, as
ovelhas estarão se alimentando em suas cocheiras até à satisfação completa.
Elas terão a satisfação de conhecer Deus como seu Pai, sabendo que não têm nada
a temer, na morte, no túmulo e no julgamento que se segue, conscientes de que
entrarão na gloriosa herança preparada para elas pelo Senhor Jesus Cristo.
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