Silas Roberto
Nogueira
Notas do Sermão
Biográfico proferido na Comunidade Batista da Graça
Provérbios 11:30
Charles
Haddon Spurgeon nasceu em 19 de junho de 1834, em uma pequena casa no condado
de Kelvedon, Essex, sul da Inglaterra. Seu pai, John, era ministro
congregacional e sua mãe, Eliza, era reconhecidamente uma mulher piedosa. Seu
avô, James Spurgeon, foi um fiel ministro congregacional em Stambourne durante
mais de duas décadas e uma poderosa influência em sua vida. Ele possuía em sua
biblioteca muitas obras dos puritanos e o jovem Charles, sempre dado à leitura,
pode lê-los, especialmente John Bunyan (O Peregrino) e Joseph Alleine (Guia
Seguro para o Céu).
Embora tivesse
nascido em um lar piedoso, tido contato com tão boa literatura, Charles seguia
sem ainda ter entregue sua vida à Cristo. Sua conversão se deu somente aos 15
anos, em 6 de janeiro de 1850, numa igreja metodista na qual entrou para
abrigar-se de uma nevasca. O sermão naquela manhã foi baseado em Isaías 45:22.
O pregador instou com Spurgeon que olhasse para Cristo com fé, como o texto
ordena. Ele olhou e foi salvo. Em 4 de
abril de 1850 foi admitido à comunhão da Igreja Batista em St Andrews.[1]
Sua adesão aos batistas por causa de suas convicções quanto ao modo e
significado do batismo rendeu certa tensão familiar, visto seus pais serem
congregacionais. Seu pai chegou mesmo a aconselhá-lo sobre as questões
concernentes ao batismo[2] e
sua mãe chegou a dizer-lhe “ah, Charles, eu sempre orei para que o Senhor fizesse
de você um cristão, mas nunca pedi que você se tornasse um batista!”. Ele
respondeu com sei humor característico: “ah, mãe, o Senhor respondeu à sua
oração com a sua prodigalidade usual, e lhe deu muitíssimo acima do que a
senhora pediu e pensou!”[3]
Pouco depois da
conversão, Spurgeon começou a ensinar na Escola Dominical e a pregar. Seu dom
para a pregação foi imediatamente reconhecido. Com apenas dezessete anos,
Spurgeon foi feito pastor de uma pequena igreja Batista rural no vilarejo de
Waterbeach. Sob o curto ministério de
Spurgeon a igreja cresceu rapidamente indo de 50 para 400 membros ao final do
seu ministério ali depois de dois anos.[4]
Em 18 de
dezembro de 1853, Spurgeon foi convidado a pregar na maior e mais famosa igreja
Batista de Londres, a New Park Street Chapel. Homens ilustres pastorearam ali, Benjamim
Keach (1640-1704), John Gill (1697-1771) e John Rippon (1750-1836), mas agora a
igreja não tinha pastor e estava em franco declínio. Ele foi empossado pastor nessa igreja quando
ainda tinha apenas 19 anos e exerceu ali um ministério frutífero até sua morte
em 1892. Apenas dois anos depois, em 1855, o templo teve que sofrer algumas
reformas aumentando a sua capacidade em mais 400 lugares. Em 1856, a igreja já
contava com mais de 800 membros. No ano seguinte, 1856, mais de 1000 pessoas
congregavam ali, e em 1874 o número de membros passava de 4000. Em 1861 foi
construído o Tabernáculo Batista, com capacidade para mais de 5 mil pessoas
sentadas. Em 1886, mais de 10 mil pessoas haviam sido batizadas sob o
ministério de Spurgeon!
Durante algum
tempo as reuniões aconteceram no Exeter Hall, um enorme prédio público para 4
mil pessoas assentadas e mil em pé. Mas mesmo esse local mostrou-se
insuficiente para abrigar as multidões que vinham ouvir Spurgeon. Por isso as
reuniões passaram para o Salão Musical Surrey que tinha capacidade para 12 mil
pessoas. No primeiro culto celebrado ali, em 19 de outubro de 1856, todos os
espaços foram ocupados. Mas ali sucedeu uma tragédia, pois alguém na galeria
deu alarme falso gritando: fogo![5]
Houve pânico e, muitos foram feridos e vários outros morreram. Isso abateu
profundamente Spurgeon, que era dado já à depressão.[6] Os
cultos no Surrey, entretanto, só pararam em dezembro de 1859, porque Spurgeon
soube que teria que dividir espaço com espetáculos.
Em 1861 o
Tabernáculo Metropolitano foi oficialmente inaugurado. Acomodava 6 mil pessoas
sentadas e esteve sempre lotado em cada culto sob o ministério de Spurgeon.
Houve tempo em que Spurgeon solicitava que cada membro faltasse a um culto a
cada trimestre para dar mais espaço para os visitantes incrédulos se
assentarem. Quando o Tabernáculo passou por reformas para ampliação em 1867, os
cultos passaram para o Agricultural Hall,
mais de 20 mil pessoas assistiam os cultos dominicalmente.
Mas o ministério
de Spurgeon não era somente dedicado à pregação. Ele dedicava-se a escrever,
fundou uma Escola de Pastores, orfanatos, albergues para pobres e asilos. Para
termos uma ideia, as instituições ligadas ao ministério de Spurgeon quando
catalogadas chegaram a sessenta e seis.[7]
Charles Spurgeon
nunca desfrutou de boa saúde, sofria de gota e era dado à depressão. Mas seu
estado de saúde agravou-se consideravelmente quando se envolveu em uma polêmica
acerca do afastamento dos batistas das sãs doutrinas[8], a
chamada “controvérsia do declínio”. Ele mesmo declarou em outubro de 1891: “a
luta está me matando”.[9] Veio
a falecer em Mentone, na França, em 31 de janeiro de 1892.
Não posso deixar
de falar sobre a esposa de Spurgeon, Susana. Ele a conheceu ali mesmo em sua
igreja. Casaram-se em 8 de fevereiro de 1856, quando ele tinha 22 anos de
idade. Eles se completavam perfeitamente. Eles tiveram filhos gêmeos, Charles e
Thomas, e logo após o parto Susana ficou gravemente enferma, semi-inválida, e
essa condição durou muitos anos. Embora nesse estado, administrava bem a casa e
cuidava do marido e filhos. Foi ela quem deu início a uma das mais importantes
obras ligada ao ministério de Spurgeon, o Fundo de Livros e o Fundo de Auxílio
para Ministros pobres. Ela empenhou dinheiro do próprio bolso comprando livros
do marido e os enviando a ministros carentes em diversas partes do mundo.
Milhares de livros e pastores foram ajudados por esse importante ministério.
Ela faleceu em 22 de outubro de 1903 em decorrência de uma forte pneumonia.
É difícil falar
de Spurgeon em poucas palavras. Seu ministério foi superlativo, incomparável. É
igualmente difícil enfocar um aspecto apenas do seu ministério, contudo se há
algo que sobressaí em tudo o que ele realizou era a sua ardente paixão pelas
almas. Ele foi acima de tudo um ganhador de almas. Lloyd-Jones chegou a
considera-lo o “maior evangelista do século” 19 [10] e
realmente ele foi isso, um evangelista. Vamos aprender com esse gigante algumas
lições sobre evangelização.
EXPOSIÇÃO
Durante o tempo
do seu ministério em Londres, Spurgeon recebeu em sua igreja quase 11 mil
pessoas mediante o batismo. No total estima-se que em seu ministério Spurgeon
tenha pregado pessoalmente a quase 10 milhões de pessoas.[11] Mas
o enfoque evangélico de Spurgeon estava longe do modelo atual de evangelização.
Podemos destacar os seguintes pontos de distinção:
1. A evangelização proposta por
Spurgeon era vigorosamente doutrinária
A
proposta de evangelização moderna descarta a doutrina, pois para muitos a
doutrina é um empecilho à evangelização. Spurgeon, sempre muito bíblico,
comenta Mateus 28:19 “o ensino começa a obra, e também a coroa”[12] E
mais “não creiam... que quando participarem...de campanha de evangelização,
deverão deixar de lado as doutrinas do evangelho; pois é quando mais (e não
menos) deverão proclamar as doutrinas da graça. Ensinem as doutrinas do
evangelho com clareza, amor, simplicidade e franqueza....”.[13] Iam
Murray declara: “a força do ministério de Spurgeon estava em sua teologia. Ele
redescobriu o que a igreja havia, em sua maior parte, esquecido – o poder
evangelístico da chamada doutrina calvinista.”[14]
2. A evangelização proposta por
Spurgeon era cristocêntrica
A
evangelização moderna é tudo, menos cristocêntrica. Spurgeon declarou certa
feita “se me perguntarem qual o meu credo, penso que devo responder: é Jesus
Cristo”....o corpo da divindade a que devo me ater para sempre, que Deus me
ajude, é Cristo Jesus, a soma e substância do evangelho, sendo, ele mesmo, toda
a teologia...”[15]
Cristo é o coração do evangelho, por isso Spurgeon afirmava “quanto menos valor
dermos a Cristo, menos se tem do evangelho em que crer...quanto mais desejamos
pregar o evangelho, mais precisamos proclamar a Cristo”.[16]
Dizia Spurgeon ao seus alunos na Escola de Pastores “...primeiro e acima de
tudo devemos pregar a Cristo, e Este crucificado. Onde Jesus é exaltado, almas
são atraídas”.[17]
3. A evangelização proposta por
Spurgeon dependia inteiramente da ação divina
Spurgeon
cria firmemente na soberania divina. Nos dias de hoje a evangelização se escora
nas técnicas e artifícios humanos para produzir conversões. Somos enviados a
pregar o evangelho, não a produzir resultados. Spurgeon dizia “desde que a
conversão é obra divina, precisamos ter o cuidado de depender inteiramente do
Espírito de Deus e de buscar dele poder sobre a mente dos homens”.[18] Aqui
entra o valor da oração pela conversão de incrédulos.
4. A evangelização proposta por
Spurgeon visava a glória de Deus
Spurgeon dizia “o nosso grande
objetivo de glorificar a Deus deve ser atingido principalmente pela conquista
de almas”[19]
Contudo, Spurgeon não cedia ao conversionismo, a motivação moderna de produzir
resultados. Dizia ele “quer sejam convertidas as almas, quer não, se Jesus
Cristo é fielmente pregado o ministro não trabalha em vão, pois é o bom cheiro
para Deus, nos que se perdem e nos que se salvam”.[20]
Esses quatro
pontos básicos são raramente encontrados na evangelização moderna e por isso
mesmo não podemos desprezá-los. Passemos com isso em mente à exposição do texto
escolhido tendo em vista três pontos, o primeiro, COMO GANHAR ALMAS, o segundo OS
MEIOS PELOS QUAIS SE GANHA ALMAS e o terceiro, PORQUE QUEM GANHA ALMAS É SÁBIO.
1.
COMO GANHAR ALMAS
Vamos analisar a
palavra “ganhar”. Ela tem diversos sentidos, dependendo do contexto em que é
empregada. A palavra hebraica usada aqui aparece perto de mil vezes no Velho
Testamento e pode ter o sentido de “tomar, agarrar, receber, adquirir, comprar,
trazer, arrancar” e até mesmo “tomar por esposa”. Mas há pelo menos quatro usos
os quais Spurgeon toma como analogia sobre o como ganhar almas:
1.1. Tomar
uma cidade: (cf
Js 8:19) a palavra aparece em contexto de ações guerra, quando um exército toma
ou ganha uma cidade. Antes que uma cidade seja tomada, ela é cercada. O cerco
tem por objetivo minar a resistência da cidade até que se renda. “Pois bem,”
diz Spurgeon, ganhar uma alma é muito mais difícil que ganhar uma cidade”.[21] Segundo
ele “o conquistador de almas tem de sentar-se diante de uma alma como um
valoroso comandante em frente de uma cidade murada, para traçar as linhas de
circunvalação, montar as trincheiras e colocar as baterias”. Cada pessoa é como
uma cidade murada a qual o evangelista deve cercar e tomar, mas não sem antes
estudar uma estratégia para a tomada da cidade da Alma Humana.
Alguns
cercos demoram em obter rendição, já outros conseguem ganhar a cidade
rapidamente. A história bíblica registra o cerca de Samaria sob Salmaneser, rei
da Assíria, 2 Rs cap. 17. Samaria resistiu por três anos e meio, pois tinha
abastecimento interno de água e muito mantimento estocado, mas quando o
alimento acabou a cidade se rendeu, em 722 a.C.. Nabucodonozor cercou Jerusalém
e a tomou em pouco tempo, em 597 a.C., 2 Rs 24:10.
A
nossa abordagem deve ser estratégica, deixando a alma sem respostas com
argumentação inteligente, bloqueando seus recursos e minando suas fortalezas
mentais, 2 Co 10:4.
1.2. Ganhar
uma luta: afirma
Spurgeon “quando um grego queria ganhar a coroa de louros ou de hera, via-se
obrigado a submeter-se, muito tempo antes, a um período de treinamento.” Além
disso, era necessário que pusesse toda sua energia no combate, atento a todas
as ações do adversário, busca nocauteá-lo, pô-lo fora de combate. Como um lutador de artes marciais, o
conquistador de almas deve buscar a rendição do adversário por um só golpe ou
nocaute técnico. Diz Spurgeon “temd e combater o preconceito deles, com seu
amor ao pecado, a sua incredulidade, o seu orgulho... seu sentimento de justiça
própria...”[22]
Jacó
lutou com o anjo do Senhor no vau de Jaboque até o alvorecer. A refrega
terminou quando o Senhor tocou na coxa de Jacó. A partir daí, Jacó nunca mais
foi o mesmo tendo até seu nome mudado para Israel.
A
nossa luta deve ser até que a alma se entregue. Devemos empenhar-nos e
esforçar-nos ao máximo, pois essa luta não se ganha em um só golpe.
1.3. Conquistar
o coração: (cf.
Gn 25:1; 4:19; 5:24; 6:2). Tal palavra era usada também no sentido de “tomar”
uma esposa. A conquista de um coração segundo Spurgeon era a figura que mais se
aproximava “da maneira pela qual temos que levar almas à salvação”. Prossegue
ele “o amor é o verdadeiro meio para conquistar as almas... conquistamos pelo
amor. Ganhamos corações para Jesus amando-os, compartilhando as suas tristezas,
preocupando-nos ansiosamente com o fato de que poderão perder-se, rogando a
Deus de todo coração para que não sejam deixados morrer sem a salvação...”[23]
Não conquistamos tais corações para nós mesmos, mas para Cristo.
O
servo de Abraão, Eliezer, estava incumbido da difícil tarefa de conquistar uma
noiva para Isaque, Gn 24. O puritano
Richard Sibbes refere-se ao oficio do ministro como sendo o do galanteador
“casamenteiro ajustando o casamento entre Cristo e as almas cristãs”[24]
Spurgeon
assinala que a função daquele que evangeliza “é recomendar o seu Senhor e as
riquezas do seu Senhor, e depois dizer às almas: ‘querem unir-se a Cristo em
matrimônio?”[25]
1.4. Caçar
ou pescar: essa
palavra também se refere à caça e pesca. Tanto para caçar quanto para pescar é
preciso certa capacidade para atrair o animal ou o peixe. Declara Spurgeon “devemos
ter nossas iscas para almas, próprias para atrair, fascinar e prender. Temos
que sair levando visgo, arapucas, redes e iscas para podermos pegar almas
humanas”.[26]
Cristo
disse que faria dos seus discípulos pescadores de homens, Mt 4:19. Segundo
alguns, tais palavras são ecos do provérbio que estamos estudando. O cristão é
basicamente um pescador e todo dia é dia de pescar.
A
questão básica é: ao sair de casa você sai preparado para fisgar algum peixe?
2.
MEIOS PELOS QUAIS
GANHAR ALMAS
O segundo ponto
que podemos destacar são alguns meios pelos quais ganhar almas. Contudo,
Spurgeon anota quatro elementos básicos necessários ao ganhador de almas:
(a) É necessário que ele creia em
conversões
(b)
É
necessário que ele se mantenha apegado à verdade salvadora
(c)
É
necessário que ele esteja seguro que sua própria alma já foi ganha.
(d) É necessário que ele seja
apegado à oração
A verdade para a
qual Spurgeon chama a atenção é que a obra da evangelização pode ser executada
por qualquer membro do corpo de Cristo. Não há ninguém desqualificado para esse
ofício, dizia Spurgeon “...você têm diferentes dons. Espero que utilizem todos
eles. Talvez alguns de vocês, conquanto membros de igreja, achem que não tem
dom nenhuma. Mas, todo crente em Cristo tem seu dom e sai parte na obra”. [27]
Que poderão fazer para ganhar almas?
2.1. Convide
pessoas para ouvir o evangelho.
Essa é uma tarefa negligenciada por muitos na atualidade. Para aqueles que
acham que não podem pregar, diz Spurgeon, que podem ao menos colocar os “outros
ao alcance do som do evangelho”.[28] Diz
mais ainda “que bênção seria para vocês, saber que aquilo que não puderam
realizar pessoalmente, pois têm dificuldades para falar de Cristo, foi
realizado mediante o seu pastor, pelo poder do Espírito Santo, por terem vocês
levado alguém para a linha de fogo do Evangelho!” Ele ainda exorta aqueles que
reclamam da igreja estar vazia: “não se queixem da pequena congregação;
façam-na crescer. Levem alguém ao próximo sermão, e em seguida o número de
frequentadores aumentará.”[29]
Pedro
foi trazido à Cristo por seu irmão André, Jo 1:32-42. Não estou dizendo que
André tivesse alguma dificuldade de pregar, mas ele conduziu Pedro à Cristo e
Pedro, posteriormente conduziu milhares à Cristo. André teve uma participação
indireta na salvação dessa multidão e não ficará sem galardão.
Devemos
convidar amigos, parentes e conhecidos, coloca-los sob o alcance do evangelho e
orar para que sejam eficazmente atingidos.
2.2. Seja
acolhedor.
Spurgeon dizia que o ganhador de almas deveria falar com os visitantes após o
culto. Diz ele “pode ser que o pregador tenha errado o alvo, mas não é
necessário que vocês errem. Ou talvez o pregador tenha acertado, mas vocês
podem ser de ajuda, aprofundando a impressão causada, com uma palavra amável.” Spurgeon
entendia que os membros da igreja deveria ser acolhedores, de modo que a
palavra pregada aos seus ouvidos, com tal atitude poderia ser introduzida ao
coração.[30]
Augustus
Nicodemus Lopes num artigo escreveu “ser
simpático, acolhedor, convidativo, atraente, interessante não é pecado e nem vai
contra as confissões reformadas e a tradição puritana. Igrejas sisudas com
cultos enfadonhos nunca foram o ideal reformado de igreja”[31]
2.3. Dedique-se
a ganhar uma alma entre amigos e parentes: devemos aplicar-nos a ganhar uma pessoa ao
menos, especialmente do nosso rol de amigos e parentes. Pode parecer pouco, mas
não é. Spurgeon lembra o exemplo de Cristo que investiu na evangelização da
samaritana. Observa com perspicácia: “quando ele concluiu o Seu sermão, tinha
de fato beneficiado toda a cidade de Sicar, pois aquela mulher se fizera
missionária para seus conhecidos”. Spurgeon reconhece que alguns enfrentam
grande dificuldade na evangelização, contudo diz ele “devemos estudar e
praticar a arte de lidar pessoalmente com os não convertidos. Não nos
desculpemos; ao contrário, imponhamo-nos a nós mesmos a pesada tarefa, até que
se torne fácil. Este é um dos modos mais honrosos de ganhar almas”.[32]
Filipe
deixou sem detença as multidões de Samaria para estar com o eunuco etíope, At
8:26ss.
2.4. Uso
das redes sociais:
Spurgeon incentivava as pessoas que tem alguma dificuldade na evangelização a
escreverem cartas. Diz ele “algumas linhas escritas com amor podem constituir
influência das mais benéficas....Jamais se fez melhor uso de tinta e pena do
que na conquista de almas para Deus. muito se tem feito com esse método”[33]
Se estivesse vivo hoje, certamente recomendaria o uso das redes sociais e
e-mails na evangelização.
Uma
pesquisa feita no Reino Unido indica que 64% das pessoas usam as redes sociais
para evangelizar. Essa é a chamada evangelização indireta.
2.5. Pregando
com a vida:
uma vida digna é uma maneira eficaz de evangelizar. Muito se pode comunicar com
um comportamento evidentemente cristão. Diz Spurgeon “é um belo modo de pregar
este...pregar com a nossa vida, com a nossa conduta, com a nossa conversação.”
Ele apela “deem-nos o seu viver santo, e com o seu santo viver como alavanca
mudaremos o mundo”
Spurgeon
ilustra “o evangelho parece um tanto com
um jornal ilustrado. As palavras do pregador são a letra impressa, e os clichês
ilustrativos são os homens e mulheres que formam a nossas igrejas. Quando o
povo pega um jornal desses, muitas vezes não le o texto impresso, mas sempre
olha as figuras; o mesmo acontece na igreja, os de fora talvez não venham ouvir
o pregador, mas sempre ponderam, observam e criticam as vidas dos membros da
igreja”.[34]
3.
PORQUE QUEM GANHA
ALMAS É SÁBIO
Há pouca coisa a
dizer aqui, mas podemos dizer sem medo de errar que:
3.1. O
que ganha almas é sábio porque assim a Bíblia o diz. Não é uma afirmação qualquer,
mas é uma afirmação bíblica! Provém dos lábios do homem mais sábio que já
existiu. Sendo pois um provérbio do seu tempo, é certo que surgiu pela
observação, portanto a experiência o comprova. Não há o que discutir, a Bíblia
assim o diz!
3.2. O
que ganha almas é sábio porque a obediência é sempre evidência de sabedoria. Temos ordens expressas na
Bíblia para pregar o evangelho, Mt 28:19,20. Cumprir tal injunção é uma clara demonstração de sabedoria, visto
que a desobediência é sempre castigada.
3.3. O
que ganha almas é sábio porque almas são mais valiosas que qualquer coisa. Quando investimos em uma alma
que seja estamos fazendo um investimento duradouro, mais valioso que qualquer coisa que o mundo posso oferecer.
A paixão
evangelística de Spurgeon era sem igual, nunca arrefeceu. Ele cria firmemente
na doutrina da soberania divina, mas jamais deixou de chamar os homens ao
arrependimento. Ele demonstrou em sua vida que não há conflito algum entre
calvinismo e evangelização. Ganhar almas glorifica a Deus e Spurgeon tinha a
glória de Deus por objetivo. Devemos seguir-lhe as pegadas! Comecemos já a
ganhar almas!
[1]
LAWSON, S. , O foco evangelístico de Charles Spurgeon, Fiel, p. 24
[2]
ANGLADA, P, Spurgeon e o evangelicalismo moderno, Puritanos, p. 4
[3] DALLIMORE, p.46
[4] ANGLADA, p. 5
[5]
MURRAY, I, O Spurgeon que foi esquecido, PES, p. 48
[6]
LLOYD-JONES, Depressão espiritual, PES,p.18
[7]
DALLIMORE, p. 195
[8]
LLOYD-JONES, Depressão espiritual, p. 192
[9]
MURRAY, O Spurgeon que foi esquecido, p.198
[10]
LLOYD-JONES, Os puritanos, p. 136
[11] LAWSON, p. 34
[12] SPURGEON, O
conquistador de almas, PES, p.5
[13] Id, p.6
[14] LAWSON, p. 55
[15] LAWSON, p.98
[16]
Id., ibd.
[17]
SPURGEON, Lições aos meus alunos, PES, Vol 1, p.206
[18] Id. ,p. 205
[19] Id., p.204
[20] Id., ibd.
[21]
SPURGEON, O conquistador de almas, PES, p. 160
[22] Id.p.162
[23] Id., pp.162,163
[24]
MURRAY, I, Spurgeon versus hipercalvinismo, PES, p. 69
[25] Id.p. 146
[26] SPURGEON, O
conquistador de almas, p. 163
[27] Id. p.165
[28] Id. p.,166
[29] Id. ibd.
[30] Id. p. 167
[31]
http://tempora-mores.blogspot.com.br/2007/08/dez-motivos-pelos-quais-pastores.html
[32]
SPURGEON, O conquistador de almas, p. 167
[33]
Id. p. 168
[34]
Id. p. 169
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